terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A manjedoura e a Cruz, o estábulo e o Calvário

A MANJEDOURA E A CRUZ – O ESTÁBULO E O CALVÁRIO

Há uma tendência muito comum em separarmos a festa do Natal do mistério pascal, como se fossem realidades à parte. Mas ao celebrarmos a encarnação do Verbo, que é o Natal. ( Aliás, precisamos desnudar o Natal, pois está tão revestido de consumismo e paganismo que é quase impossível de ver até entre os cristãos a verdadeira realidade do natal).
É comum ouvir entrevistadores perguntando: “O que é o Natal para você?” Mas a questão não é o que é o natal para um ou para outro, mas sim o que é o Natal?
Alguém dirá: “Natal é a encarnação do verbo”. Muito bem! Mas se pensarmos  no que é a encarnação do verbo já deveríamos tremer e silenciar: “ Deus que é criador, assumindo a natureza da criatura e armando entre nós sua tenda...”
Fazer memória desse fato (e isso é celebrar) já deveria fazer com que o natal fosse muito diferente do que é.
Mas, há algo que devemos perguntar no Natal: Qual a razão da encarnação do Verbo?  Ou como perguntou Anselmo de Cantuária: “Cur Deus Homo?” “Porque Deus se fez Homem?”
Irmãos  a manjedoura nos aponta para a Cruz, o estábulo nos aponta para o Calvário. O Filho de Deus se fez homem, porque o homem devido ao pecado estava debaixo da Ira de Deus e para que a Ira Divina não caísse sobre o homem, Deus  se fez homem para tomar sobre si o peso da Ira e assim pela fé  no Filho de Deus  nos tornássemos justos diante de Deus.
Santo Anselmo diz: O homem deve a Deus o que não pode pagar e a menos que pague não pode ser salvo. (Deus então se faz homem e paga o preço...)
Gálatas 4,4: “Mas ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher e sujeito à Lei, para pagar a alforria daqueles que estão sujeitos à lei, para que nos seja dado ser filhos adotivos”.
Gálatas 3,13: “Cristo pagou para nos libertar da maldição da lei, tornando-se ele mesmo maldição por nós, como está escrito: Maldito todo aquele que é suspenso no madeiro”.
Portanto não dá para separarmos a  manjedoura do calvário.
A Comunidade Filhos da Cruz te convida a celebrar o Natal com o olhar no mistério Pascal.

Isaías 9,5: “Pois, uma criança nasceu para nós, um filho nos foi dado. A soberania repousa nos seus ombros. Proclama-se o seu Nome: “Conselheiro Maravilhoso, Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da Paz”. 

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

NÃO É LÍCITO FICAR INATIVO

Porque estias o dia inteiro inativos? (Mt.20,6-7).
Irmãos, São Jerônimo exorta-nos a  viver de modo que o demônio ao tentar-nos nos encontre sempre ocupados.
Estava meditando sobre a missão gerada pelo carisma  nas novas Comunidades e em particular na Comunidade Filhos da Cruz e então me deparei com o versículo acima citado.
Escrevo isso numa semana chuvosa, onde tudo  nos chama, nos arrasta a ociosidade. Parece estranho falar de ociosidade num tempo em que lutamos contra o relógio e temos a impressão que os dias e meses são mais curtos, visto que não conseguimos dar conta de tantos afazeres, mas ao examinarmos nossa consciência veremos que temos sido muito ociosos.
Primeiramente a ociosidade propriamente dita. Temos ficado muito tempo sem fazer nada, ou nada de útil, ou que edifique; basta ver o tempo que ficamos na frente do computador, ainda que tentemos bem utilizá-lo sempre gastamos mais tempo do que necessário. Depois temos o tempo diante da TV, tempo esse tão mal aproveitado. Depois temos o tempo literalmente sem fazer nada e desse tempo não precisamos nem fazer comentários.
Antes de falar do outro tipo de ociosidade quero partilhar algumas citações: "São Boaventura diz que quem se dá ao trabalho será tentado senão por um demônio, mas quem se dá a ociosidade será muitas vezes assaltado por um grande número de demônios". Eclo.33,29: "A ociosidade ensina muitas coisas perniciosas". Os antigos já diziam: "Cabeça vazia, oficina do diabo". Portanto irmãos, examinemos nossa consciência, vamos fazer o tempo render, pois como diz a palavra, os dias são maus (Ef.5,16).
Não deixemos  que um pouco de ociosidade aqui, um pouco de ociosidade ali, nos leve ao vício da preguiça. A palavra de Deus nos diz que como a porta gira nas dobradiças, assim é o preguiçoso em sua cama. Tenhamos pois coragem e façamos  como o Apóstolo Paulo que disse: Eu corro, não como às tontas; Eu luto, não como quem golpeia o ar. Trato duramente o meu corpo e o subjugo, para não acontecer que depois de ter proclamado a mensagem a muitos, eu mesmo seja reprovado. (ICor. 9,26).
Mas alguém dirá: Espere aí, eu não sou ocioso, trabalho tantas horas por dia... Mas eu lhe pergunto: Para quem tem trabalhado?
Quero então falar de um outro tipo de ociosidade. A ociosidade na obra de Deus. Não estou falando de assumir compromissos em determinados horários, mas de em todo tempo, estejamos onde estivermos, termos em mente que somos operários da vinha do Senhor.
Volto ao início, quando disse que meditava sobre a missão. Jesus disse que a messe já está no ponto, é hora de colheita. Disse Ele também: Meu Pai trabalha e eu também trabalho... Talvez alguém diga: Mas eu não sei evangelizar... E me recordo então daquele servo preguiçoso que por medo enterrou o único talento e quando o Senhor voltou de viagem lhe entregou o talento. Aquele Senhor lhe disse entre outras coisas: "Porque não colocastes o dinheiro num banco. Assim voltando de viagem eu o receberia com juros. Aquele Senhor chamou o servo de mau e preguiçoso.
Partilho que quando leio esse texto sempre penso na oração. Se eu não sei ou não passo evangelizar falando, posso orar. Posso depositar no banco da misericórdia divina. Então não há desculpas para o ócio. Se não sei evangelizar nas mais corriqueiras situações do dia-a-dia, devo então ser mais silencioso e orar.
(Certo orador disse: Seja sua fala melhor que o silêncio ou fique quieto). As pessoas nos verão em silêncio, mas estaremos muito ativos e em serviço ao Senhor pela oração.
Volto então com a pergunta inicial: Por que estais o dia inteiro inativos? Se deixe questionar.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

A VÓS FOI DADA A GRAÇA DE SOFRER POR CRISTO

Nos tempos de hoje é muito  elogiado o serviço voluntário. Há um número grande pessoas, entre elas profissionais das mais diversas áreas que prestam serviços voluntários.
Até mesmo grandes empresas administram programas de voluntariado, onde seus funcionários são motivados a participarem; Esses programas de voluntariado não se restringem a crenças ou culturas, mas tem como objetivo prestar auxílio aos mais necessitados, ser solidário,  ser participativo nas questões humanitárias e também quanto ao meio ambiente.
Vemos nesses serviços voluntários pessoas que de fato estão fazendo caridade, vemos pessoas que estão se aproveitando da situação, vemos pessoas que estão aliviando sua consciência, pessoas que estão massageando seu próprio ego, enfim no voluntariado vemos pessoas com as mais variadas intenções e razões para estarem ali.
Em algumas reportagens mostra-se pessoas que dedicam a vida por uma causa, uma ONG...
E talvez você esteja perguntando: onde quer chegar? Quero aqui afirmar que o serviço cristão vai além do voluntariado. Ainda que esteja dentro de um programa  de voluntariado, o cristão está sempre  como cristão e não como simples voluntário. Cristão: aquele que reconhecendo seus pecados e incapacidade de salvar-se, tem a experiência de ser amado por Deus,  crê em Jesus como seu salvador e o aceita como tal e por tem acolhido Jesus como seu salvador, rejeita a tudo o que não é conforme a vontade de Deus e toma sua cruz diariamente para seguir o seu amado Senhor. E segue a vida em serviço e amor, cheio do Espírito Santo.
Ao Cristão, é oferecido algo mais do que voluntariado. Ao Cristão é dada a graça de participar da paixão de Cristo.
Ao Cristão é dada a graça de sofrer por Cristo. Nem todo sofrimento é por Cristo. Há sofrimentos que são apenas frutos daquilo que plantamos. Mas se você é cristão, então a você é dada a graça de sofrer com Jesus e por Jesus.
Não estou de maneira alguma desprezando o trabalho voluntario, mas o trabalho voluntário você escolhe quando vai fazer, se vai fazer,  o quanto quer fazer. E depois, ainda que esse trabalho deixe em você marcas, lembranças, emoções, amadurecimento, é algo que partiu de você, para agradar você, para fazer bem a você, ainda que feito aos outros, o centro foi você (isso talvez inconscientemente). O sofrimento ao contrário,  não nos dá direito a escolhas de tempo de duração, se queremos ou não... o sofrimento nos humilha, no sofrimento o que se destaca não são nossos dotes e capacidades, mas nossa impotência diante de certas situações. Diante das pessoas o voluntariado é visto como algo digno de aplausos, mas o sofrimento, faz as pessoas se distanciarem, causa horror...
A vós Cristão, foi dada a Graça de sofrer por Cristo.  A carta de Pedro diz: Nisso Consiste a Graça: Sofrer injustamente.
Portanto, se você está passando por sofrimentos, una-se a Cristo em sua paixão. Não despreze seus sofrimentos, pois eles te fazem estar na Cruz com Jesus...

Salva-te a ti mesmo!

O evangelho de Lucas narra que no momento em que Jesus estava na Cruz, por três vezes foi-lhe dito: "Salva-te a ti mesmo".
Jesus estava no auge de sua dor: havia sido traído por um de seus discípulos, negado três vezes por outro; havia passado por todo processo injusto de julgamento e condenação; havia sido flagelado, humilhado pelos soldados; já havia recebido em seu rosto catarros e cusparadas; já havia sido coroado de espinhos, despojado de suas vestes, carregado uma pesada cruz, os cravos já haviam atravessado seus pés e suas mãos e agora no alto da cruz, por três vezes escuta o insulto desafiador: salva-te a ti mesmo!.
Essa expressão nos faz lembrar quando no deserto o demônio foi tentar a Jesus. E podemos observar algo interessante: o demônio fica esperando as oportunidades onde estamos debilitados, enfraquecidos, distraídos, agitados, etc. para então se aproximar e nos tentar.
Mas o que quero destacar aqui é que hoje existe a tentação para os cristãos que estão no sofrimento. Como que isso acontece: "Quando estão sofrendo,  lhes é jogado na cara que perderam o tempo servindo a Deus, perderam os anos de sua vida; Diz o tentador: Veja, você dedicou os anos de sua vida a Deus, olha agora como está você, você se esgotou pelos outros, mas agora todos te abandonaram e você está aí em sua dor. De que valeu sua entrega, sua renúncia, sua consagração, sua fidelidade..." E dependendo do sofrimento pelo qual esteja passando, pode ser ainda mais apelativa a tentação: "olha aí a tua família como está, você poderia ter ganho dinheiro, ter estudado, vai faça alguma coisa, deixe a vida em Deus, vá fazer tua vida, corre atrás do tempo perdido" Para outros talvez dirá  o tentador: "você não brincou, não festejou, não comemorou, você perdeu sua vida, vai salva-te a ti mesmo, desça da cruz e vai viver a vida, corra atrás do dinheiro, da conquista, do ter, etc."
Na hora da dor, quando provocado, o ser humano é capaz de ter reações e atitudes que surpreendem, seja positiva ou negativamente.
Quando provocado pelas tentações o ser humano é capaz de fazer coisas horríveis. Você já imaginou se eu ou você  estivéssemos na situação de Jesus. O que faríamos diante do desafio: desce daí e salva-te a ti mesmo!"  Santa Catarina de Sena disse certa vez: "Paciência é não descer da Cruz na hora da injúria".
Quem sabe você que lê esse texto esteja vivendo isso: Tem se dedicado a Deus, mas está passando por um tempo de sofrimento e no meio do sofrimento ouça vozes que dizem: desce da Cruz,  que adianta estar na Igreja e sofrer assim, corre atrás da sua vida, vai viver a vida... Irmão, lembre-se das palavras de Jesus: SE alguém quer me seguir, tome sua cruz e siga-me! Por tanto não desista agora, falta pouco, pois quanto mais estivermos no calvário, mais perto estamos da ressurreição. Talvez você viva a hoje o domingo de ramos, onde tudo é festa e aplausos, mas está entrando na semana santa, onde chegará a angústia do Getsêmani, a prisão, a humilhação, enfim, a sexta feira da paixão, mas ainda que se desconjunte o nosso homem exterior, nosso interior se renova dia após dia e os sofrimentos da presente vida, não tem comparação alguma com a glória do céu. Por tanto, não dê ouvidos à tentação do salva-te a ti mesmo. Continue, ame a cruz, perdoe, ore. O céu está próximo!

quarta-feira, 26 de junho de 2013

OS MORTOS ESTÃO DORMINDO?

Gostaria de saber se, quando morremos, ficamos dormindo até o Dia do julgamento. (Luiza Melo) 
            Primeiramente recomendo que você leia os textos “Escatologia – Sobre o fim do mundo”. Lá está tudo explicado detalhadamente. Em todo caso, aqui vai uma resposta resumida. 
No Antigo Testamento, antes da vinda do Cristo, pensava-se que quem morria ficava no sheol (mansão dos mortos), à espera da Vinda do Senhor, quando se dariam a Ressurreição dos mortos e o Juízo Final. Até lá, osheol era igual para todo mundo, bons e maus: era o reino da morte para todos! Os mortos ficavam numa situação de espera até à consumação final. Aos poucos, porém, foi nascendo a idéia de que, mesmo no sheol, havia diferença entre os bons e os maus; basta pensar na parábola do rico epulão e do pobre Lázaro: os dois estão no sheol (no seio de Abraão), mas um está feliz enquanto o outro pena (cf. Lc 16,19-26). Em resumo: segundo os textos mais antigos do Antigo Testamento, os mortos ficavam “dormindo” no sheol até a ressurreição final, quando o Messias viesse; nos textos mais recentes, os judeus já não pensavam que os mortos ficavam dormindo, mas num estado de espera, bom para os justos e tormentoso para os maus, até que o Messias viesse para o julgamento definitivo.
No Novo Testamento, com a chegada do Messias, tudo muda! Com Cristo, que é o Messias esperado, os mortos não mais ficarão esperando, pois chegaram os últimos tempos! Recordemos aquela passagem de Lucas 23,42s, do bom ladrão: “E falou: ‘Jesus, lembra-te de mim quando vieres como Rei’. E Jesus lhe respondeu: ‘Eu te asseguro: ainda hoje estarás comigo no paraíso’”. O ladrão, como os judeus da época de Jesus, esperava a Ressurreição no final dos tempos, quando o Senhor viria em glória: “Lembra-te de mim, quando vieres com teu Reino!” Mas, o Reino já chegou, com a Ressurreição de Jesus chegaram os tempos finais. Por isso mesmo, Jesus responde: “Hoje mesmo estarás comigo!” Agora que ele chegou, que venceu a morte, não há mais o que ficar esperando: com Cristo, os mortos não têm mais o que esperar: já chegou o dia do julgamento! O futuro esperado torna-se hoje, torna-se presente em Cristo: a salvação definitiva não é uma realidade meramente futura, mas surte efeitos imediatos para quem parte desta vida na comunhão com Cristo; o paraíso, estado final da bem-aventurança, é estar com Cristo, “já”, “agora”!. A morte de Cristo abre as portas do paraíso, de modo que a morte do cristão é entrada na Vida eterna. Por isso mesmo São Paulo afirma preferir ausentar-se desta vida terrena para ir estar com Cristo: “Estamos, repito, cheios de confiança, preferindo ausentar-nos do corpo para morar junto do Senhor” (2Cor 5,8). Aqui aparece claramente que o término da existência terrena leva imediatamente a habitar junto do Senhor. Não tem essa de ficar dormindo: morrer é ir estar imediatamente com o Senhor... por isso Paulo prefere morrer logo! Os que morrem antes da Vinda de Cristo na glória vivem já com o Senhor. O Apóstolo acrescenta, em outra carta: “Para mim viver é Cristo e a morte, lucro. Entretanto, se o viver na carne ainda me permitir um trabalho frutuoso, não sei o que escolher. Estou como que na alternativa. Pois de um lado desejo partir para estar com Cristo, o que é muito melhor” (Fl 1,21ss). Note-se que aqui o importante é que “ o viver é Cristo”: a morte não é um lucro em si mesmo, mas somente se for um partir para estar logo com Cristo. Uma morte que fosse separação de Cristo ou que interrompesse a comunhão com ele, não seria “lucro” para Paulo. A morte somente é desejável porque permite a entrada nessa comunhão com Cristo, que constitui o objetivo último da esperança cristã. Em mais sete textos paulinos a expressão “com Cristo” aparece com este significado. Por exemplo: “Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, cremos também que Deus levará com Jesus os que nele morrerem. Depois nós, os vivos, que estamos ainda na terra, seremos arrebatados juntamente com eles para as nuvens, ao encontro do Senhor nos ares. Assim estaremos sempre com o Senhor” (1Ts 4,14.17); “Pois Deus não nos destina à ira mas à salvação por Nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós a fim de que, vivos ou mortos, fiquemos unidos a ele” (1Ts 5,10). Outros textos são 2Cor 4,14; 13,4; Rm 6,8; 8,32. Estar com o Senhor exprime a firme certeza da comunhão com Cristo logo após a morte! Se o estar com Cristo fosse possível somente na Parusia (= Vinda de Cristo), o melhor para Paulo não seria partir! Partir para ficar dormindo?! Partir somente é bom porque é para estar com Cristo!
            Resumindo: aparece claríssimo no Novo Testamento que logo após a morte “partimos para estar com Cristo”. Então, erram aqueles que afirmam que, após a morte, ficamos dormindo até à Ressurreição final! Afirmar que, após a morte ficamos dormindo, é esquecer que Cristo ressuscitou, que com ele, ressuscitamos para a Vida! Erram também gravemente os espíritas, que pensam que, após a morte, ficamos à toa, zanzando num além, até reencarnarmos novamente! Isso seria desconhecer que nem a morte, nem a vida, nem criatura alguma nos poderá separar do amor de Cristo (cf. Rm 8,39).
            Para terminar, cito um importante texto do magistério da Igreja, a Constituição Benedictus Deus, do Papa Bento XII, no século XIV, que ensinou claramente e de modo infalível: “Nós, com a força da autoridade apostólica, definimos que, segundo a geral disposição de Deus, as almas de todos os santos que deixaram este mundo antes da paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, e aquelas dos santos apóstolos, dos mártires, dos confessores, das virgens e dos outros fiéis que morreram após receber o santo Batismo de Cristo, e nos quais não há mais nada para purificar quando morreram, e não haverá também no futuro, quando morrerem, ou caso tenham algo para purificar, uma vez purificado, já que foram purificados após a sua morte (...) imediatamente após a morte e a purificação - se disto tinham necessidade -, mesmo antes de reassumirem os seus corpos e do juízo universal, após a Ascensão do nosso Senhor Jesus Cristo ao céu, estavam, estão e estarão no céu, no reino dos céus e no celeste paraíso, com Cristo...”

            A doutrina da Igreja é clara: aqueles que já estão purificados de seus pecados, imediatamente após a morte, mesmo antes do juízo final, estarão no paraíso, que é estar com Cristo. E isto por quê? Porque Jesus já ressuscitou e já subiu ao céu. Na sua Ascensão, já nos abriu o coração do Pai! Repito: quem nega que logo após a morte vamos estar com Cristo, está desconhecendo que Cristo ressuscitou, está ainda no Antigo Testamento!
            E o juízo final? Na Vinda do Senhor nossos corpos ressuscitarão e tudo quanto fizemos de bom ou de mal, nossos atos e omissões aparecerão, com suas conseqüências para toda a humanidade!
(matéria do site: domhenrique.com) Neste site há um curso de escatologia. Muito Bom!

domingo, 23 de junho de 2013

EU QUERO AVIVAMENTO.

Mas o verdadeiro avivamento. O verdadeiro avivamento é algo transformador, não somente a nível pessoal, mas transforma também a sociedade em todos os níveis. Avivamento é diferente de batismo no Espírito Santo. O Batismo no Espírito Santo é algo pessoal, uma experiência pessoal, ainda que para o bem de todos. Mas o avivamento é algo para um povo, que transforma o povo, num determinado momento da história. Hoje a palavra avivamento é muito comum. Mas a noção do que é um avivamento é distorcida. Se fala tanto de Elias, o profeta que orou e fogo desceu... Isso nos lembra o momento em que Elias estava diante dos profetas de Baal e todo o drama do desafio entre eles. Mas quando vemos nossos eventos, com quem nos parecemos? Com Elias ou com os profetas de Baal?   Dizem: Vamos fazer aqui um avivamento! ou: "O fogo vai descer neste lugar!"; Primeiro que avivamento não se programa e nem somos nós que o fazemos. Avivamento é Deus quem dá.  O que devemos fazer é eventos para pedirmos avivamento.
Mas voltando a pergunta: com quem nos parecemos? Uma simples olhada e veremos que na maioria das vezes somos mais  parecidos com os profetas de baal do que com Elias!
Eu quero avivamento. O único acontecimento capaz de transformar a realidade de nosso mundo atual.
O verdadeiro avivamento, para que nos seja dado, é preciso muita intercessão, angústia, adoração, clamor, conversão, sofrimento...
Se não concorda com isso, então é porque não conhece a história dos avivamentos.

Encher Igreja ou encher o céu?

As metas de evangelização hoje envolvem números de membros. Ver Igreja vazia incomoda os líderes.
Cria-se então eventos, campanhas, como se fosse época promocional e o evangelho um produto e as pessoas fossem o rendimento... Líderes sentem vergonha de ver o seu rebanho pequeno e dizem: Temos de fazer alguma coisa.
O que tem motivado a evangelização de hoje? Vemos pessoas investindo para encher igreja. Mas muitas vezes as motivações são baixas, pois se relacionam com a vaidade, a soberba, etc. Em alguns lugares existe até rivalidades de quem tem mais ovelhas. E para tanto, se baixa o preço do seguimento de Cristo. A pregação é transformada em motivação, a conversão em  participação, a cruz apenas como algo festivo (negando o escândalo da Cruz), enfim, o evangelho é desvirtuado.
Não há agonia, não há intensas orações, não há jejum, não há sofrimento. Em resumo: não há amor pelas almas.
O verdadeiro amor pelas almas, nos leva a querer as pessoas para Cristo e não para nós...

LEVANTA-TE, TOMA TUA MACA E ANDA

Jesus ao curar o paralítico diz: Levanta-te, toma tua maca e anda... A maca é parte da história daquele homem. Quando Jesus diz para tomar a maca, está me dizendo: " Toma tua história ". Não dá para simplesmente começar a caminhar com Jesus e deixar de lado a minha história, o meu passado. Aqueles que não tomam sua maca, em algum momento de seu futuro irão tropeçar nela. Nossa história, por mais que pareça uma desgraça, contém nela um tesouro. Não dá para esquecer. Quando pegamos nossa história de dor, lágrimas, alegrias, sofrimentos, acertos, erros, desencontros, etc, e a direcionamos para o amor, isso é cura para nossa vida. É preciso se levantar, tomar a maca e andar. Temos visto que pessoas até se levantam, começam a caminhar e depois de um tempo estão caídas à beira do caminho. Há aqueles que levantam e até correm, mas também depois de um tempo estão à beira do caminho. E a razão é que se esqueceram, ou não foram instruídas que é preciso pegar a maca. Você tem também sua maca, que é sua história de vida. Temos aprendido que o passado não é algo morto.E podemos dizer que o ditado "águas passadas não movem moinhos" não é correto. Certamente dirá que é impossível mudar o passado, e isso é verdadeiro. Não poderá mudar os fatos, mas poderá mudar como eles influenciam sua vida hoje. É preciso coragem para reler a história da própria vida, mas é a mais bela história que existe. Faça a experiência. Tome sua maca. Faça isso em oração e traga sua maca aos pés da cruz de Nosso Senhor. Experimente escrever sua história de vida e faça isso em oração; Perceba que em cada momento de sua vida o Senhor Jesus estava ali. Não te deixou só. Direcione os momentos de dor e sofrimento para o amor. Seu hoje será melhor se aprender a direcionar o seu ontem para o amor...

terça-feira, 19 de março de 2013

NÃO MATE A POMBA

Não mate a pomba Certa vez li uma matéria na revista Spread the Fire que me tocou profundamente. Um certo pastor, homem abençoado e dedicado à obra de Deus, tinha compromisso em sua igreja no domingo pela manhã. No instante em que planejava sair de sua casa começou a perceber, com certa irritação, que seus filhos e esposa estavam se atrasando. O tempo passava e ele começou a se irritar mais quando, finalmente, todos entram no carro para enfim “servir a Deus”. Indignado, começou a discutir e argumentar duramente com sua família. Ao sair apressadamente com seu carro e no instante em que o arrancava surgiu inesperadamente em frente ao seu veículo uma pomba. Ele freou bruscamente e, naquele instante, ouviu nitidamente em seu espírito: “não mate a pomba”. Isso foi o suficiente para que o pastor se arrependesse pela sua ansiedade e grosseria, sobretudo, por ter ignorado quem já estava lá com eles antes mesmo de se iniciar o culto. Todos nós sabemos qual é a simbologia da pomba na Palavra de Deus. Sabemos inclusive que a Bíblia nos adverte a não “apagar o Espírito” e também a “não entristecê-lo”. Em primeiro lugar você não se entristece normalmente quando alguém desconhecido te chateia. Quando isso acontece você fica irritado. Mas quando alguém que você ama ou tem em alta estima te ofende, aí sim você se entristece. Quando a Bíblia diz “não entristeça o Espírito”, isso me diz que Ele pode ser entristecido por você, porque Ele te ama e tem você em alta estima! Que coisa maravilhosa! Você só pode entristecer o Espírito porque você é especial para Ele! Em segundo lugar, “não apagar o Espírito” não quer dizer simplesmente que você pode jogar um balde de água fria sobre um fogueira, apagando o Espírito. O fogo pode se apagar tanto com a água, ato deliberado, mas, também, com a nossa negligência. Quando paramos de alimentar o fogo ele igualmente se apaga. O fogo se apaga quando deixamos de jogar graveto seco, combustível ou mais madeira. Essa é a omissão. Quando deixamos de orar, quando deixamos de ler a Bíblia, quando deixamos de viver em santidade, estamos apagando o Espírito. Apagar o Espírito é, portanto, tanto uma atitude quanto uma omissão. Não “mate a pomba” com sua apatia! Não “apague” o Espírito com a sua frieza! Alimente o fogo na sua vida com oração, jejum, leituras diárias da Palavra, evangelismo e uma vida de santidade. Certa vez em oração, há aproximadamente 9 anos, ouvi o Espírito falar ao meu coração: “o avivamento seja pessoal e contínuo”. Isso me tocou profundamente. Independente do nosso “redor” siga buscando. Meu querido irmão, não espere pelos outros, seja avivado hoje em nome de Jesus para a glória de Deus! Não “mate a pomba”, antes, seja um instrumento de renovação e avivamento nesta geração! Receba avivamento hoje!!! Postado por Leandro Bertoletti às 05:31

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

QUARESMA

“Perdoa, Senhor, a teu povo!” Joel 2, 12-18 A Quaresma é um tempo litúrgico de conversão que a Igreja sinaliza a fim de nos preparar para a grande festa da Páscoa. É tempo propício para o arrependimento de nossos pecados, tempo de voltar atrás e refletir no que precisa ser mudado na nossa vida a fim de que estejamos mais próximos de Cristo. Precisamos tomar consciência de que há um caminho a percorrer de volta que exige de nós sacrifício e luta. As coisas não acontecem como passe de mágica nem de uma hora para a outra, por isso, para nós, às vezes, é difícil reatar o fio da meada. Precisamos, pois, fazer um esforço para que o nosso corpo seja purificado e o nosso espírito domine a nossa humanidade. Para isso, as leituras nos sugerem uma verdadeira reviravolta nos nossos pensamentos, palavras e ações. O profeta Joel nos conclama a um arrependimento sincero, não só de fachada, mas de coração contrito reconhecendo o nosso pecado pedindo o perdão de Deus em qualquer situação que estivermos. Não podemos deixar de acolher o Seu perdão e a Sua graça, pois Ele está nos chamando para os Seus braços. Chorar, rasgar o coração, tocar trombeta, são gestos simbólicos que expressam o sincero arrependimento e o propósito de não mais ofender a Deus. O Senhor está sempre pronto a nos dar uma nova chance derramando a Sua misericórdia sobre nós. E mesmo que sejamos os (as) maiores pecadores (as), não podemos deixar passar esta oportunidade, pois Ele é benigno, compassivo e misericordioso na hora em que nos voltamos para Ele. Portanto, vivamos este tempo na fidelidade da Palavra e no propósito de não mais pecar e seremos ressuscitados com Cristo para uma verdadeira felicidade. Que nós também toquemos a trombeta, façamos o jejum que nos convém e chamemos todo o povo, da nossa família, da nossa comunidade para vivermos uma Quaresma em ação de Unidade e de Amor, preparando o coração para o grande dia da Ressurreição do Senhor. – Você tem o coração amargurado pelo pecado? – Aproveite a chance que o Senhor lhe dá: - Faça a sua oração de arrependimento hoje, por tudo o que pesa, tudo o que oprime o seu coração. – Literalmente rasgue o coração diante do Senhor: Ele é paciente e cheio de misericórdia. Postado por Pe Emilio Carlos às 13:37

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Aos pregadores

...mas pela loucura da pregação, Deus quis salvar os que crêem.(ICor.121) Hoje tanto no meio católico como no meio evangélico, temos muitos "pregadores", mas não basta termos bons pregadores para salvar almas, é preciso também que as pregações sejam boas... Um Evangelho que Devemos Conhecer e Tornar Conhecido. Paul Washer Conhecendo o evangelho Nesta pequena passagem das Escrituras, achamos uma verdade que tem de ser redescoberta por todos nós. O evangelho não é apenas uma mensagem de introdução ao cristianismo. Ele é "a" mensagem do cristianismo; e o crente fará muito bem se gastar sua vida em procurar "conhecer" a glória do evangelho e em "tornar conhecida" esta glória. Há muitas coisas a conhecermos neste mundo e inúmeras verdades a serem investigadas na esfera do cristianismo, mas o glorioso evangelho de nosso Deus bendito 2 e de seu Filho, Jesus Cristo, é superior a todas elas. É a mensagem de nossa salvação, o instrumento de nosso progresso na santificação e a fonte cristalina da qual flui toda motivação pura e correta para a vida cristã. O crente que compreende algo do conteúdo e do caráter do evangelho nunca terá falta de zelo, nunca será tão necessitado que buscará forças em cisternas rotas e vazias feitas pelas mãos de homens. 3 De nosso texto, entendemos que o apóstolo Paulo já tinha pregado o evangelho à igreja de Corinto. De fato, ele era o pai espiritual daqueles crentes! 4 Entretanto, Paulo viu a necessidade de continuar pregando-lhes o evangelho: não somente de recordar as suas verdades essenciais, mas também de ampliar o seu conhecimento. Na conversão deles, começaram uma jornada de descoberta que abrangeria toda a sua vida e se estenderia pelas eras intermináveis da eternidade – a descoberta das glórias de Deus revelada no evangelho de Jesus Cristo. Como pregadores e congregantes, seríamos sábios se víssemos o evangelho novamente com os olhos deste apóstolo da antiguidade e o estimássemos como digno de uma vida inteira de investigação cuidadosa. Embora já tivéssemos vivido muitos anos na fé, embora possuíssemos o intelecto de Edwards e o discernimento de Spurgeon, embora pudéssemos entender toda publicação desde os pais na igreja primitiva, passando pelos reformadores e puritanos, até aos eruditos do tempo presente, estejamos certos de que ainda não atingimos nem mesmo os contrafortes deste Everest que chamamos de "evangelho". E isso será dito a nosso respeito mesmo depois de uma eternidade de eternidades! Vivemos em mundo que nos oferece um número quase infinito de possibilidades, e existe um número incalculável de opções que rivalizam por nossa atenção. O mesmo pode ser dito sobre o cristianismo e a ampla esfera de temas teológicos que um aluno pode estudar. Há um número quase infinito de verdades bíblicas que um homem pode gastar a vida examinando-as. E mesmo o tema menos importante da Escritura é digno de milhares de vidas em seu estudo. Todavia, há um tema que se eleva sobre todos os demais e que é fundamental para o entendimento de todas as outras verdades bíblicas – o evangelho de Jesus Cristo. É por meio desta mensagem singular que o poder de Deus se manifesta na igreja e na vida do crente individual. Quando examinamos os anais da história do cristianismo, vemos homens e mulheres de paixão incomum por Deus e por seu reino. Anelamos ser como eles e nos perguntamos como chegaram a possuir um zelo tão duradouro. Depois de uma consideração diligente de sua vida, doutrina e ministério, descobrimos que eles diferiram em muitas coisas, mas tiveram um denominador comum entre si. Todos eles tiveram um vislumbre da glória do evangelho, e sua beleza acendeu a paixão deles e os impulsionou a prosseguir. A vida e o legado deles provam que paixão genuína e duradoura resulta de um entendimento cada vez mais crescente e mais profundo do que Deus fez por seu povo na pessoa e na obra de Jesus Cristo! Não há substituto para esse conhecimento! O evangelho cristão tem sido designado como "evangelho", uma palavra que vem do latim evangellium, que significa boas novas. Esta é a razão por que os crentes são muitas vezes chamados de evangélicos. Somos "evangélicos" porque cremos no evangelho e o estimamos como a verdade primordial e central da revelação de Deus para os homens. O evangelho não é um prefácio, um provérbio ou uma explicação posterior. Não é meramente a classe de introdução ao cristianismo, e sim todo o curso de estudo do cristianismo. É a história de nossa vida, as insondáveis riquezas que procuramos explorar e a mensagem que vivemos para proclamar. Por esta razão, podemos dizer que somos mais cristãos e mais evangélicos quando o evangelho de Jesus Cristo é a nossa única esperança, o nosso único motivo de orgulho e a nossa única e maior obsessão. Hoje, são realizadas tantas conferencias no âmbito do evangelicalismo, especialmente para jovens, que têm o objetivo de estimular a paixão dos crentes por meio de música, comunhão, palestrantes eloquentes, histórias emocionais e apelos comoventes. Contudo, o entusiasmo que tais conferências produzem, seja ele qual for, desaparece rapidamente. Pequenos fogos foram acessos em pequenos corações e se acabam em poucos dias. Temos esquecido que paixão genuína e duradoura nasce do conhecimento da verdade e, em específico, a verdade do evangelho. Quanto mais "conhecemos" e compreendemos a beleza do evangelho, tanto mais somos tomados por seu poder. Um vislumbre do evangelho moverá o coração verdadeiramente regenerado a segui-lo. Cada vislumbre maior do evangelho acelerará o seu passo, até que ele esteja correndo resolutamente em direção ao prêmio. 5 A essa beleza o coração verdadeiramente cristão não pode resistir. Esta é a grande necessidade do momento! É o que temos perdido e o que temos de obter novamente – uma paixão por conhecer o evangelho e uma paixão idêntica por torná-lo conhecido. Tornando conhecido o evangelho Não seria um exagero dizer que o apóstolo Paulo foi um dos maiores instrumentos humanos do reino de Deus, na história da humanidade e na história da redenção. Ele foi responsável pela propagação do evangelho em todo o Império Romano durante um tempo de perseguição incomparável e permanece como um exemplo do que significa ser um ministro cristão. No entanto, ele fez tudo isto por meio da proclamação simples da mensagem mais escandalosa de todas que já chegaram aos ouvidos dos homens. Ao considerarmos a vida do apóstolo Paulo, notamos que ele foi um homem excepcionalmente dotado, em especial no que concerne ao seu intelecto e zelo. Todavia, ele mesmo nos ensinou que o poder de seu ministério não estava em seus dons, mas na proclamação fiel do evangelho. Em sua primeira carta dirigida aos cristãos de Corinto, Paulo escreveu sua grande resignação: Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo. 6 Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus. 7 Podemos dizer que o apóstolo Paulo foi, acima de tudo, um pregador! Como Jeremias antes dele, Paulo foi constrangido a pregar. O evangelho era como um fogo ardente encerrado em seus ossos, que ele não podia suportar. 8 Aos cristãos de Corinto, Paulo declarou: "Eu cri; por isso, é que falei" 9 e: "Ai de mim se não pregar o evangelho!" 10 Essa estimativa tão elevada do evangelho e de pregá-lo não pode ser fingida, quando não existe no coração do pregador, e não pode ser ocultada, quando existe. Deus chama diferentes tipos de homens para levarem o fardo da mensagem do evangelho. Alguns deles são mais solenes e sérios, enquanto outros são mais desatentos e joviais, porém, quando a conversa muda para o assunto do evangelho, uma mudança ocorre no semblante do pregador, e parece que você tem diante de si uma pessoa muito diferente. A eternidade está estampada na face dele, o véu foi removido, e a glória do evangelho brilha com uma paixão genuína. Tal homem tem pouco tempo para histórias fantásticas, antídotos morais ou para compartilhar pensamentos vindos de seu coração. Ele veio para pregar e tem de pregar! Não descansará enquanto seu povo não ouvir a mensagem de Deus. Se o servo Eliezer não pôde comer enquanto não entregou a mensagem de seu senhor, Abraão, 11 quanto menos um pregador do evangelho ficará tranquilo enquanto não houver entregado o tesouro do evangelho que lhe foi confiado! 12 Embora poucos discordem do que escrevi até aqui, parece que, de modo geral, a pregação apaixonada do evangelho está fora de moda. Ela é considerada por muitos como algo que não possui o requinte e a sofisticação necessários para que seja eficaz nesta era moderna. O pregador cheio de paixão que proclama ousada e categoricamente a verdade é agora considerado um obstáculo para o homem pós-moderno que prefere um pouco mais de humildade e de abertura para com outras opiniões. O argumento da maioria é que temos de mudar nossa maneira de pregar porque o evangelho parece loucura para o mundo. Essa atitude para com a pregação é prova de que perdemos nosso senso de direção na comunidade evangélica. Foi Deus quem ordenou que a "loucura da pregação" seja o instrumento para levar ao mundo a mensagem salvadora do evangelho. 13 Isto não significa que a pregação deve ser tola, ilógica ou bizarra. Contudo, o padrão pelo qual toda pregação deve ser comparada é a Escritura e não as opiniões contemporâneas de uma cultura decaída e corrupta, que é sábia a seus próprios olhos 14 e prefere ter seus ouvidos coçados e seu coração entretido a ouvir a Palavra do Senhor. 15 Aonde quer que o apóstolo Paulo viajasse, ele pregava o evangelho. Faremos bem se seguirmos o seu exemplo. Embora o evangelho possa ser compartilhado por meio de instrumentos, não há outro instrumento tão ordenado por Deus como a pregação. Portanto, aqueles que estão buscando constantemente meios inovadores para compartilharem o evangelho com uma nova geração de pessoas interessadas fariam bem se começassem e terminassem sua busca nas Escrituras. Aqueles que enviam milhares de questionários que perguntam aos nãos convertidos o que eles mais gostariam de ver em um culto de adoração devem compreender que as inúmeras opiniões de homens carnais não possuem a autoridade de "um i ou um til" da Palavra de Deus. 16 Precisamos entender que há um grande abismo de diferenças irreconciliáveis entre o que Deus ordena nas Escrituras e o que a cultura carnal contemporânea deseja. Não devemos nos admirar de que homens carnais tanto dentro como fora da igreja desejem teatro, música e mídia no lugar da pregação do evangelho e da exposição bíblica. Enquanto o coração de um homem não for verdadeiramente regenerado, ele aborda o evangelho da mesma maneira como os demônios gadarenos abordaram o Senhor Jesus Cristo: "Que temos nós contigo?" 17Sem a obra de regeneração realizada pelo Espírito Santo, o homem carnal não tem nenhum interesse ou apreciação verdadeira pelo evangelho, mas, apesar disso, este milagre é operado no coração de um homem por meio da pregação do evangelho que, a princípio, ele desdenha. Portanto, devemos pregar aos homens carnais a própria mensagem que eles não querem ouvir, e o Espírito Santo deve agir! Sem isto, os pecadores não podem ver a beleza do evangelho, assim como porcos não podem ver beleza em pérolas, ou como cães não podem mostrar reverência para com carne santificada, ou como cegos não podem apreciar uma pintura de Rembrandt. 18 Os pregadores não fazem bem aos homens carnais por oferecer-lhes as coisas que seu coração caído deseja, e sim por colocar diante deles a verdadeira comida, 19 até que, pela obra miraculosa do Espírito Santo, reconheçam-na como o que ela realmente é, provem e vejam que o Senhor é bom! 20 Antes de terminar esta breve discussão sobre a pregação do evangelho, temos de falar sobre um assunto final. Apresenta-se frequentemente a teoria de que nossa cultura não pode tolerar o tipo de pregação que foi tão eficaz durante os grandes despertamentos e avivamentos do passado. A pregação de Jonathan Edwards, George Whitefield, Charles Spurgeon e outros pregadores semelhantes seria ridicularizada, satirizada e escarnecida pelo homem moderno. No entanto, esta teoria não leva em conta o fato de que estes mesmos pregadores foram ridicularizados e satirizados pelos homens de seus dias! A verdadeira pregação do evangelho será sempre "loucura" para toda cultura. Qualquer tentativa de remover a ofensa do evangelho e de tornar a pregação "conveniente" diminui o poder do evangelho. Também frustra o propósito para o qual Deus escolheu a pregação como o meio de salvar homens – que a esperança dos homens não esteja em nobreza, eloquência ou sabedoria mundana, e sim no poder de Deus. 21 Vivemos numa cultura que está presa ao pecado com algemas de aço. Histórias morais, máximas extraordinárias e lições de vida compartilhadas de um coração de um palestrante querido ou de um "tutor de vida espiritual" não têm nenhum poder verdadeiro contra essas trevas. Precisamos de pregadores do evangelho de Jesus Cristo, que conhecem as Escrituras e são capacitados, pela graça de Deus, a encarar qualquer cultura e a clamar: "Assim diz o Senhor!" 1 - 1 Coríntios 15.1-4. 2 - 1 Timóteo 1.11. 3 - Jeremias 2.13-14; 14.3. 4 - 1 Coríntios 4.15. 5 - Filipenses 3.13-14. 6 - 1 Coríntios 1.17. 7 - 1 Coríntios 1.22-24. 8 - Jeremias 20.9. 9 - 2 Coríntios 4.13. 10 - 1 Coríntios 9.16. 11 - Gênesis 24.33. 12 - Gálatas 2.7; 1 Tessalonicenses 2.4; 1 Timóteo 1.11; 6.20; 2 Timóteo 1.14; Tito 1.3. 13 - 1 Coríntios 1.21. 14 - Romanos 1.22. 15 - 2 Timóteo 4.3. 16 - Mateus 5.18. 17 - Mateus 8.29. 18 - Mateus 7.6. 19 - Isaías 55.1-2. 20 - Salmos 34.8. 21 - 1 Coríntios 1.27-30. O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.

domingo, 20 de janeiro de 2013

A ESPERANÇA QUE DEVEMOS TER

Tendo nós o grande pontífice que penetrou nos céus, Jesus, Filho de Deus, conservemos a nossa confissão. Não temos um pontífice que não possa compadecer-se de nossas enfermidades, tendo experimentado todas as tentações, exceto o pecado" (Hb 4,14). Já que temos um Salvador que nos abriu o paraíso, que por um certo tempo nos estava fechado pelo pecado, diz o Apóstolo, confiemos sempre nos seus merecimentos, pois ele sabe se compadecer de nós, tendo querido na sua bondade padecer as nossas misérias. Vamos, pois cheios de confiança, ao trono da graça, para que consigamos misericórdia e encontremos a graça para sermos socorridos oportunamente" (Hb. 4,16. Dirija-mo-nos, pois, com confiança ao trono da misericórdia, ao qual temos acesso por meio de Jesus Cristo, para que aí encontremos todas as graças de que necessitamos. E como poderemos duvidar, ajunta S. Paulo, que Deus tendo-nos dado seu Filho, nos tenha dado com ele todas os bens? Entregou-o por nós todos: como não nos deu com ele todas as coisas? Ó meu sumo bem, que vos darei por um tal dom que me fizestes de vosso Filho? Dir-vos-ei com Davi: O Senhor retribuirá por mim (Sl.137,8). Senhor, não tenho com que retribuir-vos, vosso próprio Filho é o único que vos poderá agradecer dignamente: ele vos agradece por mim. Pai piedosíssimo, pelas chagas de Jesus, peço-vos que me salveis. Amo-vos, bondade infinita, e, porque vos amo, arrependo-me de vos haver ofendido. Meu Deus, meu deus, eu quero ser todo vosso. Aceita-me por amor de Jesus Cristo. Ah, meu doce Criador, será possível que, havendo-me dado o vosso Filho, me negueis os vossos bens, a vossa graça, o vosso amor, o vosso paraíso?

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

As novas Comunidades

Novas Comunidades No decurso dos séculos, o Espírito sempre suscitou na Igreja realidades novas que servem como uma resposta aos desafios da Igreja no seu tempo. Podemos ver isso desde o surgimento das comunidades cristãs já relatadas no Livro dos Atos dos Apóstolos, mas também no monaquismo nos séculos III e IV, bem como no movimento mendicante no século XIII, nas congregações missionárias nos séculos XV e XVI, nas congregações voltadas para a caridade nos séculos XVII e XVIII e nos institutos seculares nos século XIX e XX. Na modernidade, os ares do Concílio Vaticano II (1962-1965) favoreceram o surgimento de “novas formas de vida evangélica”, dentre elas, os Movimentos Eclesiais e as Comunidades Novas ou podemos chamar de Novas Comunidades. As Novas Comunidades começaram a surgir na década de 1970 na França e nos EUA, tornando-se um fenômeno mundial. No Brasil, as primeiras Comunidades Novas surgem na década de 80 e, na década de 90, vê-se o surgimento de inúmeras Novas Comunidades que hoje no Brasil superam o número de 500. O Concílio pedia uma Igreja inserida no mundo, capaz de atraí-lo para Cristo e de dar respostas aos desafios de seu tempo. O Papa João Paulo II, na memorável Vigília de Pentecostes de 1998, chamou os Movimentos Eclesiais e as Novas Comunidades de “providencial resposta do Espírito”. Isso porque, através das Novas Comunidadese Movimentos Eclesiais, leigos que se consagram a Deus a partir de um carisma e, sob o dom e a radicalidade desse carisma, vivem o seu Batismo de forma autêntica num mundo dilacerado pelo secularismo. Observo nas Comunidades Novas duas originalidades eclesiais: – A primeira consiste freqüentemente no fato de se tratar de grupos compostos por homens e mulheres, por clérigos e leigos, por casados, celibatários e solteiros que vivem em comunidade, seguem um estilo particular de vida sob a graça e espiritualidade de um carisma particular. – Outra originalidade é a consagração de leigos, inclusive casais, no serviço do Reino. Embora isso não seja exatamente novo na Igreja – vejam-se as ordens terceiras, os oblatos beneditinos – mas a consciência de uma consagração de vida, que inclua pessoas casadas, que inclusive fazem vínculos (promessas, compromissos etc.) de obediência, pobreza e castidade, é, sim, uma originalidade na Igreja. Assim, as Comunidades Novas são uma novidade do Espírito na Igreja de Jesus Cristo e que por ela têm sido acolhidas, através de seu Magistério, como uma esperança para a Igreja³. O Documento de Aparecida dedica um sub-capítulo aos Movimentos Eclesiais e Comunidades Novas, que começa dizendo: “Os novos movimentos e comunidades são um dom do Espírito Santo para a Igreja. Neles, os fiéis encontram a possibilidade de se formar na fé cristã, crescer e se comprometer apostolicamente até ser verdadeiros discípulos missionários.” As Novas Comunidades, quase sempre surgidas da Renovação Carismática Católica, trazem em si algumas características: - Carisma próprio bem definido; - Amor e reverência filial à Igreja através da obediência ao Papa e Bispos e da fidelidade à doutrina católica; - Forte missionaridade sob o impulso da nova evangelização; - Vivência comunitária sob duas formas: comunidade de aliança e comunidade de vida; - Chamado específico de pobreza e abandono na Providência Divina; - Governo comum e organizado, vivido sob a graça da obediência; - Presença de todos os estados e realidades de vida: homens e mulheres, clérigos e leigos, casados, celibatários e solteiros; - Intenso apelo à vivência moral segundo o Magistério da Igreja, inclusive confirmado por vínculo de castidade segundo o estado de vida; - Vida de oração intensa, tanto pessoal como comunitária. _____________________________________________ Notas 1. Exortação Apostólica Pós-Sinodal Vita Consecrata (1996), n. 62. 2. Exceção se faz à Comunidade Canção Nova, que começou em 1978. 3. Nas mensagens do Papa Bento XVI e nos pronunciamentos do Cardeal Stanislaw Rylko, Prefeito do Pontifício Conselho Para os Leigos, nos encontros da Catholic Fraternity, as Comunidades Novas têm sido chamadas de “Esperança da Igreja”. 4. Documento de Aparecida (2007), n. 311 Postado por Pe Emilio Carlos