terça-feira, 1 de abril de 2014

EU NÃO VOU DESISTIR

EU NÃO VOU DESISTIR
Heb. 10,39: Nós não somos desertores para nossa perdição. Perseveramos na fé para nossa salvação.
A experiência de Deus é fantástica, apaixonante, mas também muito dura.
Quando chega o tempo da prova, quando Deus pede nosso Isac ou quando Deus permite que notícias cheguem até nós, dizendo que perdemos o que tínhamos; quando as pessoas se afastam de nó, quando pior ainda, parecem ter repugnância de nós. Quando depois de parecer ter encontrado o caminho e que tudo estava para da certo, o dia se torna noite e nuvens espessas escondem o sol...
A solidão! Só os que experimentam sabem o que é e como é...
Penso então em Abraão, Jó e Elias, homens de fato. Considerados heróis da fé, mas que tiveram como homens,  duras experiências.
Abrão após aguardar por anos o cumprimento da promessa, agora que tem o cumprimento da promessa, recebe a ordem de sacrificar o objeto da promessa (o próprio filho).
Um filho doente e já ficamos na angústia. Mas Deus pede a Abraão o filho Isac, o único filho, a quem Abraão tanto ama...
Quando Deus tira de nós o nosso Isac nosso coração fica sem saber o que fazer, ficamos sem chão.
Qual é o seu Isac?
Para muitos o Isac é um ministério. Foi toda uma espera até que viesse a existir, sofreu as dores de parto por ele e quando o ministério já estava estruturado, crescendo, “um garoto”, Deus tira  Isac...
Para outros é vida profissional: tinha-se a impressão de ter nascido para aquilo, a impressão de ter se encontrado e encontrado o jeito de agradar e servir a Deus. Mas Deus chega, tira e diz: Tudo é vaidade e vento que passa...
Ou quem sabe ainda outras situações que lhe pareceram ter custado anos de dedicação e muitas horas de sono, ou ainda a beleza e saúde cultivada  com exercícios e disciplinas, mas que em um instante é derrubada com a descoberta de uma grave doença ou por um acidente causado por negligência de terceiros, e se ouve então da boca de Deus: Tudo é vaidade e vento que passa...
Olho para Jó e o vejo ainda sentado em sua cadeira e de repente vão chegando uma após outra as más notícias, trazidas por quatro pessoas, pessoas essas que só escaparam justamente para lhe trazer as más notícias.
Vejo Jó, golpeado pelas notícias como um lutador encurralado num canto e tomando socos um após o outro sem que possa se defender.
Em poucos instantes tudo o que havia construído durante anos, foi tirado de suas mãos: seus bens, os frutos de suas entranhas, tudo...
Havia restado ainda saúde e esposa, mas não muito tempo depois sua saúde lhe foi tirada, ficando com chagas malignas desde a planta dos pés até o alto da cabeça e enquanto raspava o pus com um caco de telha, ouve então da pessoa que lhe poderia dar apoio, sua esposa, que lhe diz: Amaldiçoa a Deus e morre de uma vez!
Quais têm sido suas perdas?
Talvez você olhe para o que você já teve de bens, o salário que ganhava, o que podia antes fazer, onde podia ir, e veja que num de repente as coisas começaram a mudar e foram vindo as perdas...
Parece que antes que terminasse de chegar ao topo da montanha, sua vida foi regredindo e numa velocidade progressiva e sem ter como frear a descida...
Olho para Elias, homem que experimentou a providência de Deus, experimentou o poder de Deus realizando grandes milagres, mas também o vejo deitado à sombra de um junípero, após ter caminhado por um dia inteiro no deserto, pedindo a morte.
Estava tendo a experiência do medo, do esgotamento, a experiência da solidão...
Já passou por isso?
O medo de ser vencido após anos de vitórias. O medo de ser humilhado e considerado um nada. Medo de seus opositores. Medo de si mesmo e de tudo que o cerca...
O medo é uma experiência que bloqueia nossa vida e nos faz preferir a morte do que ter de enfrentar o objeto de nosso medo.
O esgotamento... Após ter se dedicado tanto e de certa forma ter gasto a vida, parece que todas as forças foram embora... E não somente as forças físicas, mas principalmente a força interior. Já não há mais ânimo, coragem, paixão,vontade, sabor, tudo se esgotou...
O esgotamento tem feito muitos pararem debaixo dos juníperos  e pedirem a morte pois parece impossível se levantar da situação em que se encontram...
Se não bastasse tudo isso, nos deparamos ainda com a solidão. Oh terrível experiência a solidão. Não há dor pior, que a dor da solidão.
Mas ao olhar para esses homens podemos aprender com eles.
Olho para Abraão e o vejo como aquele que esperou contra toda esperança.
Saber esperar. Entender que o tempo de Deus não é o meu tempo e que Deus tem a soberania e não eu. Esperar na certeza que aquele que prometeu, é capaz e cumprirá o que prometeu.
Então, quando estiver preso no castelo da dúvida e for assombrado pelo gigante desespero, tomarei em minhas mãos a chave “promessas de Deus” e com ela abrirei as portas do castelo...
Olho ainda para Abraão e o vejo obediente quando Deus lhe pediu em sacrifício o objeto da promessa. Aprendo então que não me cabe ficar querendo explicações ou exigindo respostas a Deus por suas ações ou permissões, mas devo simplesmente obedecer.
A obediência produz paz...
Olho para Jó e aprendo a reconhecer quem Deus é quem eu sou...
Vejo-o levantando de sua cadeira após receber as más notícias, rasgando suas vestes, raspando sua cabeça, caindo por terra e quando penso que irá esbravejar e blasfemar, ouço de seus lábios:  “Nu, sai do ventre de minha mãe e nu, voltarei para lá. O Senhor deu, o Senhor tirou, como foi do agrado do Senhor, assim aconteceu. Seja bendito o nome do Senhor”!
Jó me ensina que nas perdas, a melhor coisa a fazer é adorar. Quando fico pensando, buscando uma resposta lógica para os acontecimentos, minha mente parece ter que se agarrar em argumentos que vão destruir minha esperança; e se me apóio nesses argumentos perderei minha fé...
Mas então, o que fazer? Prostrar-me em adoração. Somente adorar, reconhecer que Deus é, Deus pode, Deus sabe...
Vejo ainda Jó diante de sua esposa que vendo-o coberto de feridas, não lhe dá apoio ou encorajamento, mas em sua insensatez o aconselha a amaldiçoar a Deus; aprendo que nas horas de sofrimento também aqueles que estão próximos nos deixarão e ainda nos darão conselhos sem sabedoria...
Aprendo com Jó a humildade, pois após ter argumentado com Deus com seus três “amigos”, Jó vai declarar: “Pois falei sem nada entender, de maravilhas que ultrapassam meus conhecimentos. Eu te conhecia só por ouvir dizer, mas, agora, vejo-te com meus próprios olhos. Por isso, acuso-me a mim mesmo e me arrependo, no pó e na cinza”
Jó foi um homem íntegro, reto, mas diante de Deus, Jó aprende a se colocar em arrependimento...
Olho para Elias e aprendo que quando Deus planeja,  Ele cumpre.
Deus mandou um anjo para alimentar Elias quando o mesmo sem forças e sem coragem pediu a morte. Mas Deus não mandou fartura, mandou pão e água. Nesse tempo difícil, não é o momento de iguarias e guloseimas, mas tempo de sobriedade. Jesus disse que certos tipos de demônios só se expulsa com jejum e oração...
Aprendo ainda que há um longo caminho a percorrer. Não importa o quanto já foi feito, ou o quanto perdemos ou ganhamos, mas há ainda um longo caminho a percorrer. Ainda não é o fim. Eu não posso fechar as cortinas quando eu quero. Só Deus sabe o dia e a hora de fechar as cortinas e apagar as luzes. Quanto a mim, tenho ainda muito para caminhar.
Aprendo ainda com Elias a estar na presença de Deus e mais uma vez saber que Deus é soberano em tudo que faz. Ele se manifesta como quer, quando quer,  onde quer...
Aprendo com Elias que tenho que retomar o caminho. Ainda que retomar o caminho seja algo que desperte receios, dúvidas, mas é necessário retomar, pois ainda não chegou o fim.
Aprendo que é preciso deixar um legado. Seria um erro ter caminhado tanto, ter sido castigado pelo sol do deserto, sobrevivido às duras provas e não deixar nada para aqueles que terão de trilhar o mesmo caminho.
Com esses homens aprendo que não é hora de desistir. Desistir é decretar minha ruína. É assinar o próprio atestado de óbito. Jesus disse: “O que perseverar até o fim será salvo”.
Às vezes quero eu mesmo dizer que já é o fim, mas só Deus pode dizer isto.
Então vou me levantar e caminhar. Vou retomar o caminho e sem murmuração caminharei até o dia em que poderei dizer como o apóstolo Paulo: “Combati o bom combate, guardei a fé, agora só me resta receber a coroa da vitória.”
Pois eis a promessa: “Se fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida.”







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