O Evangelho perdido – Texto 2 –
Estamos em um tempo que pregadores surgem diariamente. Penso que nunca houve tantos pregadores como temos hoje. Tempos atrás os pregadores eram os padres e pastores, homens que haviam estudado teologia, feito cursos bíblicos, ou seja, se preparavam para pregar. Havia as chamadas missões populares onde pregadores de congregações religiosas iam para as paróquias e faziam aí suas missões...
Mas hoje temos pregadores entre os mais variados níveis da sociedade e entre todas as camadas religiosas. Entre os católicos já não são somente padres e religiosos que pregam, mas cresce o número de leigos de movimentos e pastorais que pregam a palavra. Entre os cristãos das mais diversas denominações também cresce o número de pregadores. E isso sem falarmos dos pregadores dos meios de comunicação.
Mas com todo esse aumento do número de pregadores, é algo raro, encontrarmos uma pregação do evangelho. Se prega sobre tantas coisas, mas o essencial, o que realmente nos alimenta e nos salva, não tem sido pregado.
Hoje é muito comum os pregadores desejarem ser pregadores avivalistas, ou seja, que pregam o avivamento. Então muitos tentam imitar os pregadores famosos, querem demonstrar poder, fazem barulho, etc.
Mas ao olhar a história dos Avivamentos e seus principais personagens, vamos nos deparar com uma realidade: Eles pregavam o Evangelho!
Se tomarmos como exemplo um grande avivamento que foi o avivamento do país de Gales que tem como grande personagem Evans Roberts, vamos verificar que o tema das pregações era o amor revelado no Calvário (Livro Quando o Espírito desceu). E o que é o Amor revelado no Calvário? É o Evangelho.
Também no primeiro Avivamento da História Cristã, em Pentecostes após a vinda do Espírito Santo no Cenáculo, o que Pedro começou a pregar? Pedro começou a pregar o EVANGELHO.
Nossos pregadores de hoje: padres, bispos, leigos, pastores, evangelistas, precisam redescobrir o evangelho.
Aprendemos as técnicas oratórias, aprendemos retórica, aprendemos a usar microfone, aprendemos frases de efeitos, aprendemos sobre áudio-visual do pregador, mas esquecemos do essencial, o EVANGELHO.
“Hoje tem muita gente falando bonito, emocionando platéias, mas tem pouca gente pregando o Evangelho e salvando almas.”
Talvez você já esteja a perguntar o que é o Evangelho. Nos próximos textos iremos tratar de demonstrar o que é o evangelho.
Deus te abençoe!
terça-feira, 22 de maio de 2012
segunda-feira, 14 de maio de 2012
O EVANGELHO PERDIDO
O Evangelho perdido
Texto 1
Talvez o tema sugira algum texto dos primeiros séculos que tenha sido encontrado recentemente, mas não é isso que vou dizer.
Quero falar do “Evangelho”, ou seja, a super notícia, a hiper-notícia, o que a Igreja tem de melhor a oferecer para o mundo.
Como disseram os anjos: “Trago para vós uma boa notícia (evangelho), hoje na cidade de Davi nasceu para vós o salvador, que é o Cristo Senhor! (Lc.2,10).
Incrivelmente essa mensagem tem sido perdida e o interessante é que tem sido perdida por aqueles que deveriam ser seus anunciadores.
Nasce então um questionamento; será que os que são hoje anunciadores do evangelho, já o encontraram? Será que conhecem o evangelho?
O evangelho é mais que um livro escrito nos primeiros tempos da Igreja; ou um simples livro que narra os acontecimentos da vida de Jesus nessa terra.
Conhecer o Evangelho é mais que fazer uma teologia, ou algum curso de exegese bíblica.
Você conhece o evangelho?
Diante dessa pergunta muitos responderão que já leram por diversas vezes; outros dirão que todos os dias lêem o evangelho, outros ainda dirão que todos os domingos o evangelho é proclamado na liturgia ou no culto...
Mas a nossa noção de Evangelho está muito deturpada, notamos que nem se quer há perseguição, as pregações nem se quer incomoda...
Nos primeiros tempos o evangelho fez com que muitos deixassem os ídolos, as falsas doutrinas e se tornassem Cristãos.
O evangelho é a força salvadora. (Rom. 1,16)
O evangelho fez com que homens e mulheres se apaixonassem por Deus de tal forma que foram capazes de deixar tudo para seguir Jesus. Podemos dizer que a loucura da pregação gerou loucos. E pergunto: onde estão os loucos de hoje? Não estranhe a palavra louco pois o próprio Jesus foi assim chamado pelos seus parentes.
Na verdade, perdeu-se o Evangelho. O verdadeiro Evangelho. O genuíno Evangelho.
Já não se prega o evangelho, por conta de pregações que agradem os ouvintes. Hoje se prega o agradável, o romântico, o emocional... Muitas das pregações e homilias atuais parecem palestras motivacionais feitas em empresas por profissionais que cobram fortunas para isso.
Aliás, isso é outro detalhe, pois muitos pregadores “motivacionais” estão ganhando dinheiro ao invés de pregarem o evangelho!
Quero convidar você a reencontrarmos o evangelho e mais uma vez voltarmos a pregar o verdadeiro evangelho.
Para tanto, vamos aos poucos expondo o que é o “Evangelho” através de alguns textos.
Convido você a nos acompanhar e a redescobrir a beleza, a loucura, a riqueza, enfim, reencontrarmos o evangelho perdido.
Texto 1
Talvez o tema sugira algum texto dos primeiros séculos que tenha sido encontrado recentemente, mas não é isso que vou dizer.
Quero falar do “Evangelho”, ou seja, a super notícia, a hiper-notícia, o que a Igreja tem de melhor a oferecer para o mundo.
Como disseram os anjos: “Trago para vós uma boa notícia (evangelho), hoje na cidade de Davi nasceu para vós o salvador, que é o Cristo Senhor! (Lc.2,10).
Incrivelmente essa mensagem tem sido perdida e o interessante é que tem sido perdida por aqueles que deveriam ser seus anunciadores.
Nasce então um questionamento; será que os que são hoje anunciadores do evangelho, já o encontraram? Será que conhecem o evangelho?
O evangelho é mais que um livro escrito nos primeiros tempos da Igreja; ou um simples livro que narra os acontecimentos da vida de Jesus nessa terra.
Conhecer o Evangelho é mais que fazer uma teologia, ou algum curso de exegese bíblica.
Você conhece o evangelho?
Diante dessa pergunta muitos responderão que já leram por diversas vezes; outros dirão que todos os dias lêem o evangelho, outros ainda dirão que todos os domingos o evangelho é proclamado na liturgia ou no culto...
Mas a nossa noção de Evangelho está muito deturpada, notamos que nem se quer há perseguição, as pregações nem se quer incomoda...
Nos primeiros tempos o evangelho fez com que muitos deixassem os ídolos, as falsas doutrinas e se tornassem Cristãos.
O evangelho é a força salvadora. (Rom. 1,16)
O evangelho fez com que homens e mulheres se apaixonassem por Deus de tal forma que foram capazes de deixar tudo para seguir Jesus. Podemos dizer que a loucura da pregação gerou loucos. E pergunto: onde estão os loucos de hoje? Não estranhe a palavra louco pois o próprio Jesus foi assim chamado pelos seus parentes.
Na verdade, perdeu-se o Evangelho. O verdadeiro Evangelho. O genuíno Evangelho.
Já não se prega o evangelho, por conta de pregações que agradem os ouvintes. Hoje se prega o agradável, o romântico, o emocional... Muitas das pregações e homilias atuais parecem palestras motivacionais feitas em empresas por profissionais que cobram fortunas para isso.
Aliás, isso é outro detalhe, pois muitos pregadores “motivacionais” estão ganhando dinheiro ao invés de pregarem o evangelho!
Quero convidar você a reencontrarmos o evangelho e mais uma vez voltarmos a pregar o verdadeiro evangelho.
Para tanto, vamos aos poucos expondo o que é o “Evangelho” através de alguns textos.
Convido você a nos acompanhar e a redescobrir a beleza, a loucura, a riqueza, enfim, reencontrarmos o evangelho perdido.
sábado, 12 de maio de 2012
S. Paulo da Cruz e os Passionistas
Fundador da Ordem dos Passionistas
Congregação da Paixão de Jesus Cristo - CP
O Papa Pio IX, assinalado pelo honroso epíteto "Cruz da Cruz", teve a satisfação de inscrever no catálogo dos santos Paulo da Cruz, o grande devoto à Sagrada Paixão de Jesus, o benemérito fundador dos Passionistas.
Este santo, nasceu em 1694, na Itália setentrional e recebeu no batismo o nome de Paulo Francisco. Os piedosos pais souberam dar a seu filho uma educação ótima cristã, e em suas instruções, muitas vezes relataram-lhe fatos da vida de penitência que levaram os santos eremitas. Foi neste ambiente de piedade e amor de Deus, que Paulo Francisco nasceu e cresceu. Não podia, pois, faltar, que também ele fosse do mesmo espírito e, menino ainda de poucos anos, se entregasse aos exercícios de oração e penitência também. Seu lugar predileto era a igreja, ou para acolitar o sacerdote no altar ou para visitar Nosso Senhor no SS. Sacramento. Este terno amor a Maria Santíssima, teve-o recompensado uma vez com a aparição de Nossa Senhora com o Menino Jesus, e outra vez pela salvação miraculosa de um grande perigo de morte.
Nas sextas-feiras se flagelava e seu alimento era um pedaço de pão embebido em vinagre e fel.
Fez estudos em Cremolino, localidade vizinha. Não só revelou bonitos talentos, como entre os condiscípulos se distinguiu pela pureza de costumes, que o fez ser por todos respeitado e amado. Com alguns de seus companheiros fez uma santa aliança, com o fim de se solidificarem no amor de Deus e se familiarizarem com a meditação sobre a Sagrada Paixão e Morte do Salvador. Entrou com eles na Irmandade de Santo Antônio, sendo ele nomeado seu chefe. Nesta qualidade, muitas vezes dirigia a palavra à numerosa assistência dos Irmãos, que muito apreciavam suas alocuções, cheias de sentimento e piedade.
Quis seu tio sacerdote que, por interesse puramente materiais, tomasse estado, a que o sobrinho teve esta bela resposta: "Meu Salvador crucificado, eu vos asseguro, em que vós vejo o meu sumo Bem e que, possuindo-vos a vós, me basta". Esta vitória sobre sua própria natureza Deus lhe recompensou com um forte desejo, que lhe deu ao martírio.
Quis se alistar entre os soldados de Veneza, para com eles ir ir combater com os turcos, mas Deus lhe revelou, ser a sua vontade que fundasse uma Congregação de homens que, como missionários, trabalhassem para a salvação das almas. Paulo confiou este segredo ao bispo de Alexandria, o qual, após madura reflexão, aprovou o plano, e em 22 de novembro de 1720, lhe deu o hábito preto com uma cruz branca sobre o peito, encimada esta do Santo Nome de Jesus, e impôs-lhe o nome de Paulo da Cruz. Na mesma ocasião, autorizou-o a ensinar a doutrina cristã ao povo de Castelazzo.
Paulo obedeceu; com o crucifixo na mão, andou pelas ruas da cidade, chamando o povo para dar atenção às verdades divinas. Suas prédicas sobvre a Sagrada Paixão, causaram profunda impressão. Os ouvintes choravam, velhas inimizades acabaram de vez; não mais se ouvia falar de orgias no Carnaval e por toda a parte apareceram dignos frutos de penitência. Ali mesmos, restringindo a sua alimentação a pão e água, escreveu a Regra da sua futura Ordem, fez uma romaria a Roma, e com seu irmão João, se retirou para o monte Argentano, perto de Orbitello. A fama do seu zelo apostólico, de sua vida mortificada e santa, fizeram com que o bispo de Toja os chamasse para sua diocese, lhes conferisse as ordens sacerdotais e do Papa Benedito XIII alcançasse a licença para aceitar candidatos em seu noviciado.
Depois de alguns anos de abençoada atividade, os Irmãos voltaram para o monte Argentano, para proceder à fundação da Ordem. Em breve, aliaram-se-lhes discípulos. A cidade de Orbitello se encarregou de os dotar de grande convento, de que tomara posse em 1737.
A finalidade da Ordem, fundada por São Paulo da Cruz é pela pregação de missões implantar e firmar, nos corações, o amor de Deus por meio de meditação da Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo. Todos os seus religiosos, aos três votos comuns, acrescentam o quarto, pelo qual se obrigam a trabalhar pela propagação entre os fiéis da devoção à Sagrada Paixão.
A Ordem foi aprovada pelo Papa Bento XIV, em 1741. Deste mesmo Papa é o conceito: "Esta Ordem, que ao nosso ver, devia antes de todas ser a primeira, acaba de ser aprovada por último". Paulo foi nomeado seu primeiro superior geral.
Com o estabelecimento oficial da Ordem, as suas obrigações começaram a vigorar. Não é possível enumerar as Missões que foram pregadas nas cidades e nas aldeias; e muito menos haverá quem possa contar as conversões nelas efetuadas. As prédicas de São Paulo da Cruz sobre a Paixão de Cristo operaram milagres nas almas dos mais empedernidos pecadores. "Padre, disse-lhe certa vez um oficial militar, eu estive no tumulto da batalha; presenciei terrível canhoneio sem estremecer; mas as suas práticas fazem-me tremer da cabeça aos pés". Paulo, pregando, parecia ser tomado todo do amor divino; falando do amor de Jesus na Eucaristia, dos tesouros insondáveis do sacrifício da Missa, ou tratando da devoção da Mãe de Deus dolorosa, seu rosto se transfigurava, e o ardor com que falava, se comunicava aos ouvintes.
A santa Missa celebrada por ele, era um espetáculo de piedade e de concentração para todos, a quem era dado lhe assistir.
Os seis Papas, em cujo governo Paulo da Cruz viveu, tinham-no em alta consideração. Clemente XIV deu à sua Ordem o Convento de São João e Paulo no monte Céio, onde tinham pregado as últimas Missões.
Quando, muito doente, desenganado pelos médicos, mandou ao Santo Padre pedir a bênção para a hora da morte, Pio VI deu ao mensageiro esta resposta: "Não queremos que o vosso Superior morra agora; dizei-lhe que esperamos a sua visita aqui, depois de três dias". Paulo, ao receber esta ordem, apertou o crucifixo ao coração e disse, em abafado gemido: "Oh, meu Senhor crucificado, quero obedecer ao vosso representante". O perigo da morte desapareceu imediatamente e três dias depois esteve no Vaticano, cordialmente recebido pelo Papa.
Viveu mais três anos, cheios de sofrimentos, mas sempre unido a Jesus na Sagrada Paixão e a Maria a Mãe dolorosa, de quem favores especiais recebeu na hora da morte, em 18 de outubro de 1775. Paulo da Cruz despediu-se do mundo na idade de 81 anos. Sua Ordem chamada a dos "Passionistas", continua florescente, no vigor e no espírito do seu fundador, espalhada em diversos lugares do mundo. No Brasil, ela se estabeleceu em 1911, com Casa Provincial em São Paulo.
Reflexões
A Ordem dos Passionistas foi fundada no século dezoito, numa época em que a maçonaria cantava vitórias sobre a Igreja Católica, das quais uma foi a supressão da Companhia de Jesus, que sua nefanda política conseguiu extorquir do Papa Clemente XIV. Na França ela preparou uma revolução; as chamas da revolução subiram ao céu e toldavam os horizontes; na Alemanha e na Áustria ela favoreceu o pernicioso Josefinismo, que muito prejuízo trouxe ao Reino de Cristo naqueles países. Para tempos tão tristes, não podia haver remédio melhor, senão a união mais estreita com Jesus crucificado, e a meditação da sua Sagrada Paixão e Morte.
A importância desta devoção ressalta da história da Igreja e do seu exemplo. Simão Pedro era um Apóstolo zeloso e não menos priviliegiado. Tinha ouvido as pregações de Jesus, presenciou todos os milagres operados por seu Mestre, esteve presente na Transfiguração do monte Tabor, recebeu da mão de Jesus a santa comunhão. Não obstante, deu sinais de fraqueza, já no Horto das Oliveiras e mais tarde no pátio do palácio do sumo pontífice. Chegou a negar seu divino Mestre, só para não dar a conhecer a uma empregada. Bastou, entretanto, um só olhar para Jesus, ao vê-lo na sua humilhação e miséria, para romper em amargo pranto e se converter.
Dimas, o bom Ladrão, criminoso inveterado, e até a última hora impenitente, quando viu Nosso Senhor na Cruz, um raio de luz penetrou sua alma e, arrependido dos seus malfeitos e ao mesmo tempo confiante na misericórdia divina, a Jesus dirigiu esta súplica: "Senhor, lembrai-vos de mim, ao entrardes no vosso reino". Jesus recompensou imediatamente esta expressão da fé e da comiseração, dizendo-lhe: "Ainda hoje estarás comigo no Paraíso". (Lc. 23)
O capitão romano de que fala São Mateus, morava em Jerusalém. Pouco se lhe dava a doutrina e os milagres de Jesus. Da boca de Pilatos tinha ouvido a declaração da inocência deste, o que não interessou. Comandante da corte, deu suas ordens, assistiu impassível à crucificação. Nada de compaixão, nada de sentimento superior em sua alma movia. Mas quando fixou seu olhar "no homem das dores", pregado na cruz, seu orgulho experimentou um choque irreprimível e em voz alta, para todos ouvirem, declarou: "Verdadeiramente este era o Filho de Deus", no que concordaram todos os que com ele estavam guardando a Jesus. (Mt 27)
A firmeza dos Mártires, o heroísmo dos defensores da fé, não tiveram outra fonte, senão a Santa Paixão e Morte de Jesus. Os grandes penitentes encontraram - todos eles - a sua paz, a sua tranquilidade, a sua felicidade ao pé da cruz.
Por tudo isso é que a Igreja não cessa de chamar os seus filhos para junto da Cruz do Filho de Deus crucificado. Sem haver uma obra de interrupção, o santo sacrifício da missa é celebrado no mundo inteiro. Todos os católicos são obrigados a assistir este sacrifício nos domingos e dias santos.
A devoção à Sagrada Paixão e Morte de Jesus é a garantia da salvação para quem a pratica com fé e amor.
Congregação da Paixão de Jesus Cristo - CP
O Papa Pio IX, assinalado pelo honroso epíteto "Cruz da Cruz", teve a satisfação de inscrever no catálogo dos santos Paulo da Cruz, o grande devoto à Sagrada Paixão de Jesus, o benemérito fundador dos Passionistas.
Este santo, nasceu em 1694, na Itália setentrional e recebeu no batismo o nome de Paulo Francisco. Os piedosos pais souberam dar a seu filho uma educação ótima cristã, e em suas instruções, muitas vezes relataram-lhe fatos da vida de penitência que levaram os santos eremitas. Foi neste ambiente de piedade e amor de Deus, que Paulo Francisco nasceu e cresceu. Não podia, pois, faltar, que também ele fosse do mesmo espírito e, menino ainda de poucos anos, se entregasse aos exercícios de oração e penitência também. Seu lugar predileto era a igreja, ou para acolitar o sacerdote no altar ou para visitar Nosso Senhor no SS. Sacramento. Este terno amor a Maria Santíssima, teve-o recompensado uma vez com a aparição de Nossa Senhora com o Menino Jesus, e outra vez pela salvação miraculosa de um grande perigo de morte.
Nas sextas-feiras se flagelava e seu alimento era um pedaço de pão embebido em vinagre e fel.
Fez estudos em Cremolino, localidade vizinha. Não só revelou bonitos talentos, como entre os condiscípulos se distinguiu pela pureza de costumes, que o fez ser por todos respeitado e amado. Com alguns de seus companheiros fez uma santa aliança, com o fim de se solidificarem no amor de Deus e se familiarizarem com a meditação sobre a Sagrada Paixão e Morte do Salvador. Entrou com eles na Irmandade de Santo Antônio, sendo ele nomeado seu chefe. Nesta qualidade, muitas vezes dirigia a palavra à numerosa assistência dos Irmãos, que muito apreciavam suas alocuções, cheias de sentimento e piedade.
Quis seu tio sacerdote que, por interesse puramente materiais, tomasse estado, a que o sobrinho teve esta bela resposta: "Meu Salvador crucificado, eu vos asseguro, em que vós vejo o meu sumo Bem e que, possuindo-vos a vós, me basta". Esta vitória sobre sua própria natureza Deus lhe recompensou com um forte desejo, que lhe deu ao martírio.
Quis se alistar entre os soldados de Veneza, para com eles ir ir combater com os turcos, mas Deus lhe revelou, ser a sua vontade que fundasse uma Congregação de homens que, como missionários, trabalhassem para a salvação das almas. Paulo confiou este segredo ao bispo de Alexandria, o qual, após madura reflexão, aprovou o plano, e em 22 de novembro de 1720, lhe deu o hábito preto com uma cruz branca sobre o peito, encimada esta do Santo Nome de Jesus, e impôs-lhe o nome de Paulo da Cruz. Na mesma ocasião, autorizou-o a ensinar a doutrina cristã ao povo de Castelazzo.
Paulo obedeceu; com o crucifixo na mão, andou pelas ruas da cidade, chamando o povo para dar atenção às verdades divinas. Suas prédicas sobvre a Sagrada Paixão, causaram profunda impressão. Os ouvintes choravam, velhas inimizades acabaram de vez; não mais se ouvia falar de orgias no Carnaval e por toda a parte apareceram dignos frutos de penitência. Ali mesmos, restringindo a sua alimentação a pão e água, escreveu a Regra da sua futura Ordem, fez uma romaria a Roma, e com seu irmão João, se retirou para o monte Argentano, perto de Orbitello. A fama do seu zelo apostólico, de sua vida mortificada e santa, fizeram com que o bispo de Toja os chamasse para sua diocese, lhes conferisse as ordens sacerdotais e do Papa Benedito XIII alcançasse a licença para aceitar candidatos em seu noviciado.
Depois de alguns anos de abençoada atividade, os Irmãos voltaram para o monte Argentano, para proceder à fundação da Ordem. Em breve, aliaram-se-lhes discípulos. A cidade de Orbitello se encarregou de os dotar de grande convento, de que tomara posse em 1737.
A finalidade da Ordem, fundada por São Paulo da Cruz é pela pregação de missões implantar e firmar, nos corações, o amor de Deus por meio de meditação da Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo. Todos os seus religiosos, aos três votos comuns, acrescentam o quarto, pelo qual se obrigam a trabalhar pela propagação entre os fiéis da devoção à Sagrada Paixão.
A Ordem foi aprovada pelo Papa Bento XIV, em 1741. Deste mesmo Papa é o conceito: "Esta Ordem, que ao nosso ver, devia antes de todas ser a primeira, acaba de ser aprovada por último". Paulo foi nomeado seu primeiro superior geral.
Com o estabelecimento oficial da Ordem, as suas obrigações começaram a vigorar. Não é possível enumerar as Missões que foram pregadas nas cidades e nas aldeias; e muito menos haverá quem possa contar as conversões nelas efetuadas. As prédicas de São Paulo da Cruz sobre a Paixão de Cristo operaram milagres nas almas dos mais empedernidos pecadores. "Padre, disse-lhe certa vez um oficial militar, eu estive no tumulto da batalha; presenciei terrível canhoneio sem estremecer; mas as suas práticas fazem-me tremer da cabeça aos pés". Paulo, pregando, parecia ser tomado todo do amor divino; falando do amor de Jesus na Eucaristia, dos tesouros insondáveis do sacrifício da Missa, ou tratando da devoção da Mãe de Deus dolorosa, seu rosto se transfigurava, e o ardor com que falava, se comunicava aos ouvintes.
A santa Missa celebrada por ele, era um espetáculo de piedade e de concentração para todos, a quem era dado lhe assistir.
Os seis Papas, em cujo governo Paulo da Cruz viveu, tinham-no em alta consideração. Clemente XIV deu à sua Ordem o Convento de São João e Paulo no monte Céio, onde tinham pregado as últimas Missões.
Quando, muito doente, desenganado pelos médicos, mandou ao Santo Padre pedir a bênção para a hora da morte, Pio VI deu ao mensageiro esta resposta: "Não queremos que o vosso Superior morra agora; dizei-lhe que esperamos a sua visita aqui, depois de três dias". Paulo, ao receber esta ordem, apertou o crucifixo ao coração e disse, em abafado gemido: "Oh, meu Senhor crucificado, quero obedecer ao vosso representante". O perigo da morte desapareceu imediatamente e três dias depois esteve no Vaticano, cordialmente recebido pelo Papa.
Viveu mais três anos, cheios de sofrimentos, mas sempre unido a Jesus na Sagrada Paixão e a Maria a Mãe dolorosa, de quem favores especiais recebeu na hora da morte, em 18 de outubro de 1775. Paulo da Cruz despediu-se do mundo na idade de 81 anos. Sua Ordem chamada a dos "Passionistas", continua florescente, no vigor e no espírito do seu fundador, espalhada em diversos lugares do mundo. No Brasil, ela se estabeleceu em 1911, com Casa Provincial em São Paulo.
Reflexões
A Ordem dos Passionistas foi fundada no século dezoito, numa época em que a maçonaria cantava vitórias sobre a Igreja Católica, das quais uma foi a supressão da Companhia de Jesus, que sua nefanda política conseguiu extorquir do Papa Clemente XIV. Na França ela preparou uma revolução; as chamas da revolução subiram ao céu e toldavam os horizontes; na Alemanha e na Áustria ela favoreceu o pernicioso Josefinismo, que muito prejuízo trouxe ao Reino de Cristo naqueles países. Para tempos tão tristes, não podia haver remédio melhor, senão a união mais estreita com Jesus crucificado, e a meditação da sua Sagrada Paixão e Morte.
A importância desta devoção ressalta da história da Igreja e do seu exemplo. Simão Pedro era um Apóstolo zeloso e não menos priviliegiado. Tinha ouvido as pregações de Jesus, presenciou todos os milagres operados por seu Mestre, esteve presente na Transfiguração do monte Tabor, recebeu da mão de Jesus a santa comunhão. Não obstante, deu sinais de fraqueza, já no Horto das Oliveiras e mais tarde no pátio do palácio do sumo pontífice. Chegou a negar seu divino Mestre, só para não dar a conhecer a uma empregada. Bastou, entretanto, um só olhar para Jesus, ao vê-lo na sua humilhação e miséria, para romper em amargo pranto e se converter.
Dimas, o bom Ladrão, criminoso inveterado, e até a última hora impenitente, quando viu Nosso Senhor na Cruz, um raio de luz penetrou sua alma e, arrependido dos seus malfeitos e ao mesmo tempo confiante na misericórdia divina, a Jesus dirigiu esta súplica: "Senhor, lembrai-vos de mim, ao entrardes no vosso reino". Jesus recompensou imediatamente esta expressão da fé e da comiseração, dizendo-lhe: "Ainda hoje estarás comigo no Paraíso". (Lc. 23)
O capitão romano de que fala São Mateus, morava em Jerusalém. Pouco se lhe dava a doutrina e os milagres de Jesus. Da boca de Pilatos tinha ouvido a declaração da inocência deste, o que não interessou. Comandante da corte, deu suas ordens, assistiu impassível à crucificação. Nada de compaixão, nada de sentimento superior em sua alma movia. Mas quando fixou seu olhar "no homem das dores", pregado na cruz, seu orgulho experimentou um choque irreprimível e em voz alta, para todos ouvirem, declarou: "Verdadeiramente este era o Filho de Deus", no que concordaram todos os que com ele estavam guardando a Jesus. (Mt 27)
A firmeza dos Mártires, o heroísmo dos defensores da fé, não tiveram outra fonte, senão a Santa Paixão e Morte de Jesus. Os grandes penitentes encontraram - todos eles - a sua paz, a sua tranquilidade, a sua felicidade ao pé da cruz.
Por tudo isso é que a Igreja não cessa de chamar os seus filhos para junto da Cruz do Filho de Deus crucificado. Sem haver uma obra de interrupção, o santo sacrifício da missa é celebrado no mundo inteiro. Todos os católicos são obrigados a assistir este sacrifício nos domingos e dias santos.
A devoção à Sagrada Paixão e Morte de Jesus é a garantia da salvação para quem a pratica com fé e amor.
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