A verdade sobre o homem é devastadora para qualquer um cuja consciência tenha sido acordada pelo Espírito Santo. Como o apóstolo Paulo clamou: “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Romanos 7:24). A resposta para a pergunta de Paulo e a solução para o apuro apavorante do homem é encontrada apenas em Cristo — o Evangelho, ou as Boas Novas de Sua obra salvadora por nós.
O salmista nos diz que se o Senhor mantivesse um registro de nossas transgressões contra Ele, não haveria um único homem na terra que pudesse subsistir diante d’Ele no julgamento (Salmo 130:3-4). Nossas iniquidades recaíram sobre nossas cabeças e como um fardo pesado o peso delas é demais para que suportemos (Salmo 38:4). O pecado é o maior problema da humanidade a fonte singular de todas as maledicências que nos arruínam como indivíduos e como sociedades coletivas. Portanto, nossas duas maiores necessidades são a salvação da condenação do pecado, e o livramento de seu poder. Ambas as quais são fornecidas na pessoa de Jesus Cristo e em Sua obra salvadora por nós.
A Bíblia declara inequivocamente que Deus é misericordioso e compassivo, longânimo e assaz benigno (Êxodo 34:6-8). Portanto, Ele não se compraz na morte do perverso, mas prefere que ele se desvie de seu mau caminho e viva (Ezequiel 18:23). Independentemente da profundidade do pecado de um homem ou da extensão de sua rebelião, são oferecidos a ele o perdão e a limpeza se ele abandonar seu mau caminho e retornar ao Senhor. O salmista vai ainda mais longe ao dizer que Deus irá perdoar suas obras más, cobrir seus pecados, e não mais considerar suas transgressões (Salmo 32:1-2; Romanos 4:6-8).
São notícias impressionantes, mas nos são apresentadas com um dilema teológico ou filosófico: Como pode um Deus bom e justo conceder perdão a homens perversos? Não fará o que é bom o juiz de toda a terra (Gênesis 18:25)? Pode um Deus justo ser indiferente ao pecado ou varrê-lo para debaixo do tapete como se nunca tivesse acontecido? Pode um Deus santo trazer homens perversos à comunhão com Ele mesmo e continuar sendo santo? As próprias Escrituras declaram que “O que justifica o perverso… é abominável para o SENHOR” (Provérbios 17:15). Então como pode Deus perdoar o perverso sem comprometer Seu próprio caráter? Novamente, a resposta é encontrada na pessoa e na obra de Cristo.
De acordo com as Escrituras, o homem pecou e o salário do pecado é a morte (Romanos 3:23; 6:23). Deus é justo e exige que Sua lei seja satisfeita antes que o culpado possa ser perdoado (Provérbios 17:15). Na plenitude dos tempos, o Filho do Homem tornou-se homem e andou nesta terra em perfeita obediência à lei de Deus (Gálatas 4:4). No fim de Sua vida e de acordo com a vontade do Pai, Ele foi crucificado pelas mãos de homens iníquos (Atos 2:23). Na cruz, ele tomou o lugar de Seu povo culpado e seu pecado foi imputado a Ele (2 Coríntios 5:21). Como o portador dos pecados, Ele se tornou maldição de Deus, abandonado por Deus, e esmagado sob o peso da ira de Deus (Gálatas 3:13; Mateus 27:46; Isaías 53:10). Através de Sua morte, a dívida do pecado foi paga, as exigências de justiça de Deus foram satisfeitas, e a ira de Deus foi satisfeita. Desta maneira, Deus resolveu o grande dilema. Ele puniu justamente os pecados de Seu povo na morte de Seu único Filho, e portanto, pode livremente justificar a todos que depositam sua esperança n’Ele.
Através da morte de Seu Filho, Deus pode agora ser o justo e justificador até mesmo do mais vil pecador que coloca sua esperança n’Ele (Romanos 3:26). Contudo, o Evangelho é mais do que a liberação da condenação do pecado; é também uma libertação do poder do pecado. Em sua primeira epístola, o apóstolo João nos diz: “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus” (1 João 5:1). Este novo nascimento que capacita um homem a se arrepender e crer para a salvação, também o capacita a andar em novidade de vida (Romanos 6:4). Através da obra regeneradora do Espírito Santo, o coração de pedra do incrédulo, que estava espiritualmente morto e indiferente a Deus, foi substituído por um coração de carne viva que é tanto propenso quanto capaz de ouvir a Sua voz e segui-Lo (Ezequiel 36:25-27). Apesar de ele ter sido uma árvore má dando maus frutos, ele agora é uma boa árvore plantada junto a ribeiros de água, que dá seus frutos na devida estação, e cujas folhagens não murcham (Mateus 7:17-18; Salmo 1:3). Assim, o crente não é apenas justificado, mas também é a própria obra que Deus criou em Cristo Jesus para as boas obras (Efésios 2:10). De fato, esta contínua transformação moral na vida do crente é a base de sua garantia e a evidência da verdadeira conversão.
Como dissemos desde o início, o Evangelho é uma notícia chocante, mas a pergunta permanece: “Como isso pode ser obtido?” “O que um homem deve fazer para ser salvo?” A resposta é clara: ele deve “arrepender-se e crer no Evangelho” (Marcos 1:15). As diversas passagens neste livro de estudos já refutaram qualquer argumento ou sugestão de que um homem possa ser salvo por sua própria virtude e mérito. Em nós mesmos, somos destituídos de ambos, e mesmo o que possa ser chamado de boas obras diante de outros homens, não são nada além de trapos de imundícia diante de Deus (Isaías 64:6). Portanto, para sermos salvos, para obtermos a salvação prometida no Evangelho, devemos rejeitar toda e qualquer confiança na carne, e confiar apenas em Cristo (Filipenses 3:3). O Cristão é o homem que concordou com Deus a respeito de seu estado pecaminoso, renunciou toda a confiança em sua virtude e mérito, e depositou toda sua esperança para salvação na pessoa e na obra de Jesus Cristo.
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
-João 3:16
Por Paul David Washer Copyright © Sociedade Missionária